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Este é um daqueles projetos em que, mesmo com poucas mudanças infraestruturais no espaço, consegue-se alterar de forma profunda sua atmosfera.
Isso se deve porque toda a concepção foi elaborada não só a partir os desejos pragmáticos ou do potencial natural do espaço, mas também através de muitos debates entre a equipe de arquitetura e o cliente. Ao longo de diversas reuniões, o processo de projeto se desenvolveu através de debates quase filosóficos sobre a maneira de morar contemporânea, a função de cada material e produto no espaço, e de que tipo de intervenção é capaz de criar arquiteturas impactantes e acolhedoras.
O cliente, um designer gráfico tão apaixonado pela sua profissão quanto nós somos pela nossa, participou ativamente do debate, contribuindo com diferentes abordagens sobre o design e transformando reuniões que poderiam ser extremamente maçantes em conversas tão descontraídas quanto enriquecedoras.
A premissa chave era a necessidade de se causar um impacto visual ao se entrar no apartamento, criando um arrebatamento que daria o tom de toda a experiência de percorrê-lo e vivenciá-lo. Desta forma, chegamos ao design conceitual da cozinha e do hall de acesso, marcando-os através da delimitação de volumes negativos, forrados em chapas de madeira. O uso desse material foi intensificado no processo de projeto, onde percebíamos que, quanto mais repetíamos a utilização das chapas, mais abstrato e intenso a caixa da cozinha se tornava. A abstração volumétrica com uma só materialidade que é, simultaneamente, figura e fundo, também é a base para o contraste dos demais itens inseridos em seu interior, como a bancada marmorizada, por exemplo. O baixo pé direito dessa caixa cumpre tanto função estética quanto prática: acaba por ocultar a evaporadora do ar-condicionado, acessada através do teto removível do hall, assim como todo o seu insuflamento, retorno, exaustão mecânica da coifa e calha para iluminação indireta da cozinha.
Restava ao projeto solucionar suas conexões com a área social. O cliente nos solicitou um layout de sala de estar que, não só intensifica a conexão entre as diferentes áreas de assento, mas que também funcionasse como sala de TV, mas de forma que o segundo uso fosse secundário em relação ao primeiro. Em outras palavras, a TV deveria ser a coadjuvante do layout, e não sua protagonista.
O cliente é um colecionador de quadros, esculturas e livros de design que deveriam ganhar protagonismo no espaço, mas não de maneira estática: poltronas, mesas, livros e quadros deveriam contar com o dinamismo do layout proposto, podendo ser movimentados com facilidade, num ambiente onde a arte não serviria somente para ser exibida, mas também para ser vivenciada no dia-a-dia da casa. Assim, em contraste com o volume de madeira da cozinha, o ambiente de estar foi pensado a partir de um tom neutro que funcionaria como fundo-base para a exposição das obras de arte e do mobiliário, como a poltrona Mole e a poltrona Moleca, ambas assinadas por Sergio Rodrigues, e a mesa Pétala, de Jorge Zalszupin, escolha clássica, mas perfeitamente aliada ao conceito de dinamicidade e movimento proposto. Projetamos a estante da sala com o mesmo propósito: optamos por chapas e tirantes metálicos finos, que seriam quase sublimados pelos itens de decoração expostos. Sua modulação dinâmica busca tanto criar a sensação de movimento entre as chapas horizontais e os tirantes verticais quanto permitir que objetos de formatos variados possam ser constantemente reorganizados nas prateleiras.
Quanto ao teto, optamos pela exposição da laje original do edifício buscando dar maior textura e protagonismo aos materiais naturais da composição, sem tirar a potência dos revestimentos em madeira. O Concreto da laje também foi utilizado como rebatedor para a luminária pendente que projetamos para o espaço, que cria uma nova delimitação geométrica em linhas, que busca dialogar com a estante e acaba por aumentar a sensação de acolhimento causada pelo rebatimento da luz no concreto, através da oposição entre a brutalidade do material e a leveza da luz projetada.